2011-03-01
Perceber como surgiu a vida na Terra sempre intrigou os cientistas, que ao longo do tempo desenvolveram várias teorias, sem alguma vez terem comprovado alguma. Uma das mais conhecidas é a do químico sueco Svante August Arrhenius, segundo a qual a vida está espalhada pelo universo e chegou ao nosso planeta em forma bacteriana num meteorito, que serviu como "semente" para que se desenvolvessem os organismos hoje existentes.
Outra das hipóteses diz que os meteoritos não trouxeram a vida, mas os elementos e moléculas necessários para o seu aparecimento, uma teoria que é agora reforçada com uma nova investigação publicada na revista "Proceedings of National Academy of Sciences".
Trata-se de um trabalho que traz importantes dados de apoio a esta possibilidade de que as moléculas precursoras da vida na Terra têm uma origem extraterrestre.
Uma equipa de investigadores da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, liderada por Sandra Pizzarello, estudou um meteorito que continha materiais orgânicos pertencentes ao grupo dos nunataks (picos rochosos expostos em áreas completamente geladas) da Antárctida. Os cientistas pretendiam comprovar se o complexo material que forma o asteróide continha algum traço da evolução da vida terrestre.
Para isso reproduziram as condições ambientais que existiam na Terra antes do aparecimento de vida, pelo que usaram escalas temporais de laboratório (pois seria impossível recriar os tempos reais) para recriar a actividade hidrotermal, a temperatura e pressão da Terra primitiva.
Os resultados mostraram, para a surpresa dos investigadores, que este meteorito libertou uma grande quantidade de iões amónio (NH4), um importante precursor das moléculas biológicas complexas, tais como os aminoácidos ou o DNA.
Para descartar a possibilidade de que o amónio provinha da contaminação no laboratório, analisaram a composição isotópica do nitrogénio e verificaram que tal não tinha acontecido, visto que é muito diferente da que existe na atmosfera actual. Desta forma, Pizzarello e a sua equipa lançaram no seu trabalho a ideia de que a chegada destes meteoritos podem ter acelerado ou desencadeado a evolução das moléculas que deram origem à vida.
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