quarta-feira, agosto 18, 2010

Pessoas que confiam nas outras detectam melhor os mentirosos

Ao contrário do que se pensa confiar nos outros nem sempre é sinal de ingenuidade. Segundo um estudo do Social Psychological and Personality Science, a atitude de confiança no próximo pode até significar inteligência.

Os investigadores pediram aos voluntários do estudo para assistirem a entrevistas de emprego gravadas de alunos do segundo ano do MBA (Master in Bussiness Administration).


Os entrevistados tinham de fazer o melhor possível para conseguir o trabalho. Metade dos voluntários foi completamente verdadeira e a outra metade mentiu, pelo menos três vezes significantes, para parecerem mais atractivos e conseguirem o objectivo.

Todos os voluntários recebiam vinte dólares por aceitarem gravar as entrevistas. Recebiam mais vinte dólares, tanto os que mentiram como os que foram verdadeiros, se um suposto “especialista em detectar mentiras” visse a gravação e acreditasse que tudo o que tinha sido dito fosse verdade.

Alguns dias depois, os participantes viram as gravações e preencheram questionários que mediam a confiança nas outras pessoas. Eram feitas perguntas como: “A maioria das pessoas são honestas”, “A grande parte das pessoas são bem-humoradas e gentis”. Posteriormente, eram confrontados com os vídeos e mediam a veracidade e honestidade da entrevista.

Honestos detectam mentirosos

Os indivíduos que mais confiavam nos outros foram os mais precisos a detectar os mentirosos − quanto mais as pessoas mostram confiança nos outros, melhor conseguem distinguir uma mentira de uma verdade.

Contrariamente ao estereótipo, os mais desconfiados do próximo eram os que tinham mais propensão a contratar as pessoas que mentiram e tinham mais dificuldades em aceitar que eram mentirosos.

“Apesar de as pessoas pensarem que os mais desconfiados são melhores detectores de mentiras do que os ingénuos, estes resultados sugerem que o inverso é verdadeiro”, afirmam os co-autores Nancy Carter e Mark Weber, da Rotman School of Management da Universidade de Toronto.

“Os que mais confiam nas pessoas são os que melhor detectam mentiras, são também os que formam melhores impressões e intenções de contrato ao fim de uma entrevista de emprego”, concluem.

Notícia retirada de Ciência Hoje

Descoberta de espécie desconhecida de primata na Amazónia

«Callicebus caquetensis» pode estar em perigo de extinção
«Callicebus caquetensis» pode estar em perigo de extinção
Foi descoberta na Amazónia uma espécie de primata até agora desconhecida, pertencente ao género Callicebus (titi, chamados macacos do novo mundo). O animal foi encontrado durante uma expedição no sul da Colômbia (Caquetá, região que dá agora nome ao animal). Tem pêlo cinzento e acastanhado e uma cauda longa.

A organização Internacional de Conservação já advertiu para o perigo de extinção em que a espécie se encontra devido à perda de habitat. As árvores onde vivem estão a desaparecer devido acção humana. Estima-se que existam apenas 250 exemplares destes macacos


Uma população saudável deveria ter vários milhares de exemplares. Para os animais é muito difícil fugir para outras áreas, já que têm de atravessar a savana ou escalar cercas de arame farpado. Ao contrário de outros macacos, os titis vivem em monogamia, podendo o casal permanecer junto a vida inteira. Por ano, cada casal tem apenas uma cria.

Durante muitos anos não foi possível viajar pelas zonas onde se encontram estes animais, devido à presença de grupos rebeldes. Só há três anos os investigadores puderam alcançar a região, acompanhados por Javier García, estudante nascido naquele local.

Lá encontraram 13 grupos de titi caquetá, que todas as manhãs marcam o seu território com um grito forte e complexo. Esta nova espécie, chamada de Callicebus caquetensis, está descrita na revista «Primate Conservation» por investigadores da Universidade Nacional da Colômbia.

Artigo: Callicebus caquetensis: A New and Critically Endangered Titi Monkey from Southern Caquetá, Colombia

Notícia retirada de Ciência Hoje

segunda-feira, agosto 16, 2010

American Journal of Physical Anthropology


Volume 142, Issue 4 Pages 509–675

Journal of Human Evolution

Uso de ferramentas em Australopithecus

Os ancestrais da espécie humana usaram ferramentas muito antes do que se pensava. A descoberta foi feita através de marcas em ossos fossilizados no este na Etiópia.

Os fósseis serviram para demonstrar, segundo a investigação publicada hoje na Nature, que os congéneres da famosa Lucy, ou seja, os Australopithecus afarensis, utilizavam, há 3,4 milhões de anos, pedras afiadas para tirar a carne dos ossos das presas. As marcas revelam ainda que, através das ferramentas, tentavam chegar à medula, cujo teor nutritivo é elevado.



Esta descoberta atrasa quase um milhão de anos esta capacidade dos antepassados da nossa espécie. Até agora, as ferramentas mais antigas encontradas datavam de 2,6 ou 2,5 milhões de anos, como recordam no estudo Shannon McPherron, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva da Alemanha e o etíope Zeresenay Alemseged, da Academia de Ciências da Califórnia.

Este tipo de utensílios era atribuído ao Homo habilis, cujo crânio era 40 por cento maior do que o Australopithecus.

No ano passado, os paleoantropólogos encontraram uma costela de um mamífero do tamanho de uma vaca e o fémur de um antílope. Ambos tinham sinais que, como se descobriu posteriormente através de microscópios electrónicos e espectógrafos, eram da mesma época dos fósseis.

Shannon McPherron, arqueólogo
Shannon McPherron, arqueólogo
“Quando imaginamos a Lucy na paisagem este de África à procura de comida, agora podemos vê-la pela primeira vez com uma ferramenta de pedra na mão em busca de carne”
, afirmou McPherron.

Para Alemseged, “a descoberta adianta muito o momento até agora conhecido. Os nossos antepassados alteraram completamente as regras do jogo”.

O uso de utensílios de pedra modificou a forma como exploravam o território e o tipo de alimentos consumidos.

Pedras de outros lugares

No entanto, ainda não se sabe se eram capazes de fabricar os próprios instrumentos. O lugar onde foram encontrados é rico em sedimentos vulcânicos e não havia pedras com a qualidade necessária para fazer o tipo de cortes. Acredita-se as que tenham trazido de outros lugares a vários quilómetros de distância.

São vários os enigmas que se abrem com mais esta descoberta. Até ao momento a utilização de ferramentas de pedra com a finalidade de consumir carne de grandes animais considerava-se própria do género humano. Além disto, desde sempre esteve relacionado o consumo de carne com o aumento do tamanho do cérebro.

McPherron quer regressar à Etiópia para procurar o lugar onde os Australopitecos terão encontrado as tais pedras com o objectivo de comprovar se eram ou não capazes de as fabricar.

Notícia retirada de Ciência Hoje

Animal cognition

sexta-feira, agosto 06, 2010

Oficina de Instrumentos Pré-Históricos: inscrições abertas‏



Inscrições até 2 de Setembro na Sociedade Harmonia Eborense, através de she.lab.evora@gmail.com ou pelo 266 746 874 (dias úteis entre as 16 e as 19h, excepto 2ª quinzena de Agosto).

Atracção sexual é maior entre os que apresentam semelhanças físicas

Um estudo realizado por dois psicólogos nos Estados Unidos pode acabar com a crença popular de que os opostos se atraem.

A investigação de Robert Chris Fraley, da Universidade de Illinois, e de Michael J. Marks, da Universidade do Novo México, revela que os indivíduos se sentem mais atraídos por quem partilham mais semelhanças. Mais inquietante ainda: pelos próprios pais.


Os investigadores fizeram grupos de estudo de estudantes para avaliarem o seu grau de atracção de vários rostos apresentados no computador.

Os resultados do estudo, publicado no Personality and Social Psychology Bulletin, mostram que ainda é cedo para dar por terminado o debate acerca dos mecanismos biológicos que evitam o incesto. Porém, será que a atracção pelos progenitores não pode estar relacionada com o facto de os alunos estarem mais familiarizados com os rostos dos seus pais?

Fraley explicou, à Folha de São Paulo, que esta relação seria “improvável”. “Não há motivo para achar que as pessoas do grupo de controlo seriam menos familiarizadas com os seus rostos do que as pessoas na condição experimental”.

Além disto, nem todas as pessoas gostam do rosto e outras acham-se belas. O investigador garante que o grupo de estudo era normal em termos de beleza, correspondente aos padrões americanos da mesma faixa etária. Contudo admite que “seria interessante determinar, numa pesquisa futura, se os sentimentos de auto-amor e auto-ódio moderam os efeitos que relatamos”.

Complexo de Édipo

Sigmund Freud contestou teoria de Westermarck
Sigmund Freud contestou teoria de Westermarck
Os resultados revelam uma nova versão do clássico conceito do complexo de Édipo de Freud, segundo o qual o filho teria atracção pela mãe e aversão pelo pai.

A aversão das relações sexuais entre pai e filha e mãe e filho resultaria de mecanismos inconscientes que avaliavam o grau de parentesco, como resultado da evolução biológica. Sabe-se que os filhos de uma relação incestuosa têm uma maior mortalidade. O sociólogo finlandês Edward Westermarck explicava, já em 1891, que a selecção natural de Darwin favorecia mecanismos psicológicos que levavam as pessoas a terem aversão sexual a familiares.

Uns anos mais tarde, em 1913, Freud explicava que as pessoas evitavam o incesto apenas porque mecanismos sociais de proibições.

Fraley e Marks apresentam um olhar alternativo quando afirmam que, se a percepção do parentesco é posta de lado, as pessoas acham mais atraentes as que lhes lembram os próprios pais. Acrescentam ainda que evitar o incesto surge de tabus reconhecidos.

Photoshop e tabus culturais

A primeira experiência incluiu a apresentação subliminar de uma foto do pai para as raparigas e da mãe para os rapazes. A segunda foi feita com imagens modificadas que incluíam partes do próprio rosto do aluno.

Numa terceira experiência, a semelhança familiar nas faces exibidas era constante mas os participantes eram informados, falsamente, que o próprio rosto estava incluído na imagem. Por sua vez, o grupo de controlo não tinha essa informação.

Robert Chris Fraley, psicólogo
Robert Chris Fraley, psicólogo
“Esta técnica permitiu-nos estudar a activação de tabus culturais que podem regular o desejo sexual”
, explicaram os autores no estudo.

De acordo com a teoria de Westermarck, os dois grupos deveriam ter resultados idênticos, já que o mecanismo de evitar o incesto seria inconsciente. Para os autores, o conhecimento consciente de que os rostos têm semelhanças genéticas deveria despertar aversão sexual, mesmo que não fosse verdade.

A verdade é que os estudantes acharam menos atraente o rosto quando suspeitavam de parentesco, mesmo quando este não existia na realidade.

Notícia de Ciência Hoje

quarta-feira, agosto 04, 2010

Homem de Calla

Os ossos humanos encontrados por arqueólogos em 2007 nas Filipinas foram agora datados − pertenceram a humanos que viveram há 67 mil anos.

A análise indica que os humanos modernos chegaram às Filipinas muito antes do que se pensava. O registo mais antigo até agora pertencia ao Homem de Tabon, que teria vivido no país há 47 mil anos.


“Pode ser o fóssil humano mais antigo encontrado na região do Pacifico. A presença destes humanos mostra que já possuíam conhecimento e lidavam com materiais de construção marítima nesta época”, afirmou Armand Salvador Mijares, líder da investigação da Universidade das Filipinas.

Os arqueólogos descobriram os restos humanos, incluindo metatarsos (ossos de pé), na caverna Callao, no norte das Filipinas.

“Inicialmente estávamos frustrados. Durante as escavações apenas encontrávamos fosseis de animais até que o meu colega Phil Piper, da equipa de zooarqueologia, afirmou ‘Este osso é humano’”, Mijares acrescenta ainda: “Quando verificámos que era realmente um osso humano, sabia que tínhamos descoberto algo verdadeiramente importante”.

O material foi datado pela Universidade Nacional da Austrália através de um processo chamado análise de série de urânio, segundo um estudo publicado no Journal of Human Evolution.

Dilema sobre o mar
A teoria actual é que o Homem de Callao, que na verdade é de sexo ainda indeterminado, ou os seus ancestrais, chegaram à Indonésia através de uma construção marítima de madeira, como uma jangada por exemplo.

Esta ideia representa um dilema interessante, já que actualmente os cientistas acreditam que o ser humano só se tornou capaz de viajar longas distâncias pelo mar muito mais tarde.

Outros investigadores acreditam ainda que o osso encontrado não pertence a um homem, mas sim a outra espécie dos ancestrais da humanidade.

Notícia de Ciência Hoje