segunda-feira, setembro 13, 2010

Circuito cerebral do mecanismo do medo

O medo pode produzir reacções muito diferentes durante todo o processo que ocorre numa área específica do cérebro. Os cientistas definiram esta região em ratos e identificaram o tipo de neurónios que determinam a reacção a um estímulo que produz o medo. O estudo, publicado na Neuron, indica que a decisão sobre a permanência ou não do cérebro paralisado é uma tarefa mais complexa do que se pensava anteriormente.

Investigadores do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) e da empresa GlasoSmithKline, em Itália, combinaram técnicas farmacêuticas e genéticas com a ressonância magnética funcional. Deste modo, puderam controlar a actividade de células específicas no cérebro dos ratos que sentiam medo.



Os ratos foram geneticamente modificados com o objectivo que apenas as células citadas contivessem um receptor químico para um determinado medicamento. Quando os cientistas injectaram esse fármaco num rato actua sobre o receptor e bloqueia a actividade cerebral dessas células, o que permite aos investigadores deduzir o papel das células no controle do medo.

Segundo o EMBL, os neurónios tipo I, na amígdala cerebral apagaram-se, já que se suponha que estavam relacionados com o medo. Para medir esta emoção, tentaram associar um som a um estímulo desagradável, o que deixava os ratos paralisados quando o ouviam.

“Quando inibimos estes neurónios, não me surpreendeu ver que os ratos já não ficavam paralisados, porque isso é o que se supõe que faça a amígdala. Mas ficamos muito surpresos quando tiveram outros comportamentos que indicavam que estavam a analisar o risco”, afirmou Cornelius Gross, coordenador da investigação.

Córtex no processo

“Apercebemo-nos que não estávamos a bloquear o medo, porque os ratos passavam de uma estratégia passiva para outra mais activa e isso não é o que se pensava anteriormente sobre a função da amígdala”, comentou o investigador.

Cornelius Gross, investigador
Cornelius Gross, investigador
Ao fazer um scan no cérebro dos ratos, também foi possível observar que a alteração de comportamento estava acompanhada com uma grande actividade noutras partes do cérebro, mais concretamente no córtex.

Ao bloquear esta zona com outro medicamento, voltou a observar-se um comportamento de paralisia associado ao medo.

Este circuito, até agora desconhecido, implica uma grande abertura para o desenvolvimento do estudo do mecanismo do medo.




Notícia retirada de Ciência Hoje

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